Tá, e agora? O que será que você tá dizendo?
É que a tua boca se mexe de um jeito tão gostoso. Eu sei que não é nada que eu queira ouvir. Algo sobre como eu sou... sou o quê? É esse seu jeito de morder o lábio enquanto procura a palavra certa. Me desconcerta. Incrível! Eu sou incrível. Não. Mas você é.
Já já vai me olhar nos olhos, vai se irritar porque não consigo disfarçar. Não consigo me concentrar quando você fala assim, ao alcance da minha boca. Desculpa.
Pronto. Me encontraram. São teus olhos grandes que me chamam agora. Nome e sobrenome. É sério.
Eu sei. Eu sei que não dá, sei sim. Você queria se sentir diferente. Mas não.
Esse silêncio todo, alguém mais ouviu?
Alguém mais sentiu esse vento gelado?
Será que alguém em volta notou minha cara mudando, murchando feito o balão da festa que já terminou?
Vai logo. Se vira e começa logo a caminhar pra longe de mim que essa é a pior parte. Só vai sobrar o cheiro doce do teu perfume na minha mão. Vai ficar mais fácil depois.
Olhando pro teto vou fabricar alguma paz odiando o roteiro ruim que você escreveu pra nós.
Sem final triste.
Uma história sem começo.