É razoável supor que para escrever, compor, pintar, cantar, manifestar-se artisticamente de qualquer forma, é preciso estar inundado por determinado sentimento, não?
Veja bem, é uma pergunta. Eu imagino que seja mais ou menos assim.
Falar de dor quando se está imerso nela, compor uma linda canção de amor quando se está apaixonado e por aí vai.
Mas, uma espécie de "caminho inverso" também existe. Pelo menos aqui, em mim.
Há determinados sentimentos sobre os quais só consigo escrever ou mesmo ler e ouvir, quando eles estão distantes, bem longe mesmo.
É assim também, não é?
Não?
Mas por que diabos eu estou falando disso? Explico.
O final do arco-íris (vide penúltimo post) cá está, e nele me dei ao luxo de revirar meus DVDs de shows que eu amo.
E para começar o dia, ele, sempre lindo: Oswaldo Montenegro.
Apenas porque hoje dá. E não é sempre que dá.
Eu adoro, eu gosto de verdade.
Tem quem deteste. Tem quem ache chato demais.
Eu não vejo muita TV, mas soube que fizeram umas matérias sobre um apartamento que ele pintou e que ficou meio insólito.
Cogitaram que talvez ele esteja meio "fora de órbita", e eu digo: Conte-me algo que eu não saiba.
Ele está nas minhas gavetas, prateleiras e lembranças há tanto tempo que acho que a argumentação sobre o assunto tornou-se desnecessária.
Lembro que na adolescência eu tinha uma fita cassete original (vocês lembravam que isso existia?) do cara. E que ela arrebentava e eu colava, e em seguida pedia: canta pra mim, vai... Nunca falhou.
Pouco depois, nos anos de Escola Técnica eu fiz um ano e pouco de coral, e minha favorita do nosso repertório era Bandolins. Só eu gostava, eu acho. Isso porque era difícil demais, parecia que nunca ficava boa, não importava o quanto ensaiássemos (lembra Jana? Lembra Nani?). Mas eu amava.
Mas ouvi-lo, pra mim não é tarefa de qualquer dia.
Há que ser um dia claro, sem nuvens. Meu peito precisa estar leve porque mesmo com as canções mais alegres, ele vai revirar sentimentos que eu sempre guardo tão escondidinhos... Sensações que eu até que gosto de ter, mas que nem sempre me são suportáveis.
Mas sou só eu? Pra você dá, assim, sem qualquer cautela, para ouvir versos como esses:
"Deixa em cima desta mesa a foto que eu gostava
Pra eu pensar que o teu sorriso envelheceu comigo
Deixa eu ter a tua mão mais uma vez na minha
Pra que eu fotografe assim, meu verdadeiro abrigo"
(Se puder, sem medo)
Ou
"Eu insisto em cantar
Diferente do que ouvi
Seja como for, recomeçar
Nada há, mas há de vir"
(Travessuras)
Hoje deu. Que bom.
Um comentário:
ÔÔÔÔÔ se lembro!!!!
Eu gostava de Bandolins também...
Ai ai...enxurrada de lembranças!!!
Bjo
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