Eu achava que só eu tinha uma determinada opinião sobre um lugar aqui de Chaps.
Um restaurante bem afastado do centro da cidade, descendo a serra, costeando o Uruguai. O rio, claro.
Apesar da comida boa, da vista bonita, do clima rústico, sempre ficava pensando que pra dirigir tudo isso nessas curvas, a pessoa só pode estar em busca de uma coisa, discrição. Se é que vocês me entendem.
Ontem encontrei uma colega do segundo grau que me contou que acabou se casando com um outro colega nosso. Ficamos conversando um pouquinho... Ela me contando sobre como tudo tinha acontecido, e sobre a noite, logo que começaram a sair, em que ele a levou nesse tal lugar.
Que ficou todo o caminho de ida imaginando que ele devia ter algo realmente ruim pra contar. Talvez fosse casado. Teria filhos? Ou alguma doença terminal, talvez contagiosa. Havia ainda a possibilidade (remotíssima) de o verdadeiro destino ser um dos motéis que ficam ao longo da estrada. Talvez fosse tímido e tivesse usado o jantar como desculpa. Mas essa era a hipótese menos provável.
E ele estava tão querido, tão gentil...
Cada vez mais apavorada, ela ia entendendo a lógica toda da coisa. Ele queria se poupar de uma platéia numerosa pra todo aquele chororô. De repente algo lhe ocorre. Como é que não pensei nisso antes. Meus deus, que tipo de criança inocente sou eu?? Você não lê jornais? Não assiste TV? Só porque está saindo com um cara e ele se mostra gentil e atencioso, isso faz dele uma pessoa realmente de confiança? Já podia imaginar aquela estrada escura, o frio da madrugada, a pé, sozinha... Isso se tivesse sorte.
Agora já suava frio e mal conseguia esconder o nervosismo. Lembrou de ter ouvido uma vez a história de uma mulher que saltara nessa mesma estrada de um carro em movimento, pra evitar um estupro. Não. Melhor esperar mais um pouco.
Foi logo depois do jantar. Enquanto tomavam um vinho. O rosto dele assumiu um ar solene, quase sombrio. Mal conseguia ouvir o que ele estava dizendo. Algo sobre como era bom estarem juntos. É isso então, ele vai terminar. Está falando do quanto eu sou legal e do quanto gostaria de gostar de mim. Começou a imaginar se ele podia ouvir seus joelhos tremerem. E ele precisou perguntar uma segunda vez. Desculpe, como? O que você acha da gente começar a namorar de verdade? Digo... Assim, a sério.
Um restaurante bem afastado do centro da cidade, descendo a serra, costeando o Uruguai. O rio, claro.
Apesar da comida boa, da vista bonita, do clima rústico, sempre ficava pensando que pra dirigir tudo isso nessas curvas, a pessoa só pode estar em busca de uma coisa, discrição. Se é que vocês me entendem.
Ontem encontrei uma colega do segundo grau que me contou que acabou se casando com um outro colega nosso. Ficamos conversando um pouquinho... Ela me contando sobre como tudo tinha acontecido, e sobre a noite, logo que começaram a sair, em que ele a levou nesse tal lugar.
Que ficou todo o caminho de ida imaginando que ele devia ter algo realmente ruim pra contar. Talvez fosse casado. Teria filhos? Ou alguma doença terminal, talvez contagiosa. Havia ainda a possibilidade (remotíssima) de o verdadeiro destino ser um dos motéis que ficam ao longo da estrada. Talvez fosse tímido e tivesse usado o jantar como desculpa. Mas essa era a hipótese menos provável.
E ele estava tão querido, tão gentil...
Cada vez mais apavorada, ela ia entendendo a lógica toda da coisa. Ele queria se poupar de uma platéia numerosa pra todo aquele chororô. De repente algo lhe ocorre. Como é que não pensei nisso antes. Meus deus, que tipo de criança inocente sou eu?? Você não lê jornais? Não assiste TV? Só porque está saindo com um cara e ele se mostra gentil e atencioso, isso faz dele uma pessoa realmente de confiança? Já podia imaginar aquela estrada escura, o frio da madrugada, a pé, sozinha... Isso se tivesse sorte.
Agora já suava frio e mal conseguia esconder o nervosismo. Lembrou de ter ouvido uma vez a história de uma mulher que saltara nessa mesma estrada de um carro em movimento, pra evitar um estupro. Não. Melhor esperar mais um pouco.
Foi logo depois do jantar. Enquanto tomavam um vinho. O rosto dele assumiu um ar solene, quase sombrio. Mal conseguia ouvir o que ele estava dizendo. Algo sobre como era bom estarem juntos. É isso então, ele vai terminar. Está falando do quanto eu sou legal e do quanto gostaria de gostar de mim. Começou a imaginar se ele podia ouvir seus joelhos tremerem. E ele precisou perguntar uma segunda vez. Desculpe, como? O que você acha da gente começar a namorar de verdade? Digo... Assim, a sério.
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