Direito dos pobres, mas direito
Não à toa, o movimento reúne em torno do tema uma representação social ampla e diversa: estudantes, igrejas, trabalhadores, professores, movimentos sociais variados, conselhos profissionais, sindicatos, etc. É um anseio popular. Faz parte da luta pela redemocratização do país que, nos legou a Constituição de 1988, da qual se orgulha de ter participado nosso atual governador do Estado, então deputado constituinte. Hoje não se exige defensoria pública porque está escrito na Constituição. Está na Constituição porque foi exigido pelo povo, e construído no diálogo que permitiu ao país avançar na consolidação de sua democracia.
Como todo direito escrito naquela Carta que atende à população pobre de nosso país - como saúde e educação públicas - esse também precisa de reafirmação constante. Porque com certa freqüência há quem tente negá-los.
Os que o fazem parecem nos dizer o tempo todo que neste país pobres não tem direitos. Não são portanto cidadãos. O máximo que conseguem do Estado é um “favor” ou outro, na forma de um remendo de serviço público prestado de forma privada como é o caso hoje da defensoria
Não cabem aqui ilações contra os serviços públicos como as apresentadas pelo senhor Dante Bonin no AN de 07 de junho, contra a defensoria pública sob o título “Tetas Gordas”. Os argumentos ali disparados contra a existência de estruturas públicas de atendimento à população se assemelham àqueles usados abundantemente na história recente de nosso país para justificar privatizações e toda sorte de atentados contra direitos do povo trabalhador. A memória recomenda não usá-los.
O que se quer com essa discussão é franqueza e diálogo. Nosso Estado trilha um caminho perigoso. Aqui a distribuição de direitos tem caráter social e de classe. Não se quer que o Estado deixe de realizar suas renúncias fiscais anuais de mais de 2 bilhões de reais, destinadas a atender interesses econômicos de grandes empresas. O que se quer é que esse “direito” não seja “mais direito” do que o Direito dos pobres ao atendimento jurídico integral, gratuito e exclusivo prestado pela defensoria pública. Afinal direitos da população pobre não são menores nem menos importantes que os demais. Quero crer que não. A resposta está com o governo. O movimento seguirá fazendo o que todo povo educado na democracia pode e deve fazer: exigir seu direito.
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