Com o perdão da palavra... Que merda, viu!
Eu juro que tentei passar batido, desviar da poça, tapar o nariz, assoviar uma linda canção, respirar no saquinho mas, ai que merda!
Quando coisas assim acontecem, me fazem sentir longe de casa, expatriada. Algo do tipo: “Não posso estar em casa. Não.”
Por que eu tenho um orgulho danado daqui. Da nossa diversidade, da nossa capacidade de conviver, de receber, de querer saber só o primeiro nome(ou apelido), de misturar temperos, sotaques, batidas... Até da nossa mania de tocar nas pessoas eu me orgulho.
Isso existe. É verdade. Como povo, somos assim. Somos um povo bom, trabalhador e sorridente (e se você discorda, dê uma olhada nos terminais de ônibus ou metrô da sua cidade entre seis e oito da manhã). Temos uma capacidade enorme de adaptação e superação de dificuldades.
E claro, eu sei que todas as formas de preconceito atingem o mundo todo, mas é que quando vem de nós, me fere mais.
Que o sistema seja mau, que a chamada velha elite dominante seja burra, preconceituosa e mal intencionada, vá lá.
Mas trabalhador, gerentinha de lojinha (ou lojona) que manda vigiar de perto a negra que acabou de entrar; um profissional de dublagem que se recusa a dublar um gay... Taí, essas coisas realmente me deixam triste. Triste a ponto de olhar meus pequenos e ficar envergonhada.
Ouvi dizer que o tal cara é pastor. Aí eu é que preciso exercitar ao máximo minha tolerância porque não posso (não quero mesmo) dizer que gostaria de estar surpresa, mas não estou.
Eu comentei nesse Blog (muito bom), e recebi essa resposta muito bacana:
"Poxa, Lili, eu não sabia desta calhordice do dublador não. Azar o dele, que não vai participar de todo o bem que o filme tem disseminado. De repente serão as repercussões desta recusa que o farão mais tolerante. The world works in mysterious ways indeed. ;-)"
Mas nem isso consolou hoje.
Até quando a gente vai ter que caminhar assim a passos tão lentos, num mundo cheio de problemas sérios e ainda aturar essa parcela de gente que enxerga quando muito o próprio umbigo. O umbigo e claro, a cor do outro, a origem do outro, a vida do outro... Essas sim, sempre devidamente monitoradas.
4 comentários:
Falou tudo liloca, tô contigo nessa...
bjocas
Pois é. Eu ainda tento compreender para que essas religiões servem. Senão é para pregar o respeito e a tolerância deviam ser banidas. Só podia vir de um pastor isso, seja ele de qualquer religião. Incrivelmente, a intolerância e o preconceito vem mais dos "discípulos de Deus" do que dos simples mortais.
Disse tudo nega, e não precisa mais chorar por causa do Marley. hauahauahua...bjos
Oi Lili... Que massa teu blog. Não sabia deste teu lado de escritora... Muito bom.. Parabéns, Gostei muito do texto, mesmo porque me atinge heheheheheh grande beijo
Ti! Que bom que gostou! Venha sempre.
Eu acho uma graça, viu sinhá.
Bjoca, Janoca.
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