- Senhoras, por gentileza, vamos nos afastar um pouco para os bombeiros poderem dar o atendimento, sim?!
A discussão começou quando a mãe do João Victor, agora estirada no chão com o supercílio aberto, interrompeu mais uma vez a reunião de pais (mães) e mestres do Pré II.
Quando Dona Aurora explicava como, mesmo com o controle rígido de utilização da internet na casa, o José Victor tinha uma habilidade nata (mais uma) pra “essas coisas”, Dona Sílvia riu baixinho colocando a mão na frente da boca.
Era a gota d’água. Quando Sílvia ficou por quase cinco minutos discorrendo sobre como Guilherme era disciplinado e como a falta de educação de ALGUNS o prejudicava, ela aguentou quietinha. Engoliu a resposta que já estava na ponta da língua: “Seu filho obedece tudo porque é retardado, minha senhora!” - Pensou, mas não disse.
“Eu devia ter dito, é verdade mesmo. Mas a gente quer ficar bem com todo mundo, né vizinha?! Daí engole.” Contaria meses depois do ocorrido, no mercadinho do Seu Durval.
- Escuta aqui, qual foi a graça? Vociferou sem poder conter a indignação.
- Eu? É comigo? Estava pensando em outra coisa, desculpe. - Mas Dona Sílvia ainda tinha um sorriso bem no cantinho da boca.
- Aahh bom... Melhor. Porque a 'profe' disse que a gente podia interromper SEM-PRE que achasse necessário... Pra contribuir, né? E na tua vez, eu respeitei.
- Senhoras, por favor, trata-se de um mal entendido. Interveio a professora que coordenava o encontro. – Continue Dona Aurora.
- Obrigada – sussurrou ainda muito ofendida.
- Na PRIMEIRA vez dela eu também respeitei. - Dona Sílvia provocou fingindo falar com a mãe da cadeirinha ao lado.
- Eu ouvi isso, tá??? A gente aqui falando da educação dos pequenos e a senhora aí fazendo pouco.
- Acontece que eu não vim aqui pra ouvir a senhora falar dos talentos do seu filho. A senhora não vê que está sendo ridícula?
- Vocês ouviram, né gurias. Ela me chamou de ridícula! – Voltando-se para Dona Sílvia – Não posso fazer nada se tu não tens o que falar do teu filho além de ele ser tãoo obediente... – E voltando-se, como que em segredo pra uma das mães – E dedo duro, pelo que conta meu Zezinho.
- Mãezinhas, mas o que é isso! – Ponderou a professorinha, visivelmente em pânico.
- RI-DÍ-CU-LA. E digo mais. Se esse moleque é tão bom, deve ser adotado. Ou isso ou a senhora deveria se esforçar mais pra lembrar quem é o pai. Porque esse sim deve ser um gênio de estômago forte.
- Ao invés de se preocupar com a minha vida, a senhora devia era cuidar melhor daquele guri!
E enquanto dizia isso Dona Aurora se aproximava rapidamente retirando as cadeirinhas vagas, que agora já eram muitas, pois as demais genitoras assistiam a tudo espremidas num canto da sala.
O último obstáculo removido foi a professorinha.
E foi olhando no fundo dos olhos de Dona Sílvia que concluiu o raciocínio:
– Já levou o “Gui” pra um exame pra ver se esse menino tem cérebro mesmo?
No instante seguinte Dona Aurora agonizava estendida no chão. Pernas esticadas, olhar perdido no teto da salinha e a sobrancelha toda ensangüentada. Dizem que foi uma cadeirada, mas Dona Aurora não sabe ao certo.
Quando os bombeiros chegaram, Dona Sílvia foi encontrá-los.
- Não foi quase nada, ela está valorizando. Coitada... É muito sozinha.
3 comentários:
Tu é aquela que apanhou né?? hauahauhauahauah
bjos
Jesus me abane, o que é isso?
tem certeza que isso era um local onde se educam crianças???
mas tenho quase certeza que tu foi quem bateu, acertei? hehe
bjs
Gurias, eu era a mãe que meia hora antes do ocorrido, fingiu receber uma ligação no celular e DE-SA-PA-RE-CEU! hehehe
Bjocas e obrigada pela visita e comentários.
Lili
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