quinta-feira, 20 de agosto de 2009

Família


Contrariando meu ceticismo, Agosto tem feito juz à sua fama de mês estranho e meio assustador. Como já disse é o mês de aniversário dos meus dois pequenos e da minha mãe, e, como além disso eu sou uma pessoa que adora todas as rotinas do inverno, agosto costuma ser um mês feliz.

Não este.

Comecei o mês ainda de luto pela perda súbita e estúpida de uma amigo. E em tão pouco tempo a história tão triste se repete.

Ontem sepultamos uma mulher trabalhadora e de boas ações. Jovem mãe de duas filhas ainda tão novinhas e dona de um sorriso que parecia nunca se apagar.

Ao longo da vida, se tivemos sorte, nossa família (aquela que, ouso dizer felizmente, não escolhemos) vai se ampliando. Com sorte, repito, a esta familia vão se somando outras, pela nossa ação ou mesmo pelas voltas que a vida dá e que nada tem a ver com nossos atos diretamente.
Comigo, por que eu tenho muita sorte, tem sido assim. Além dos meus laços sanguineos, algumas outras famlias me adotaram e se deixaram adotar por mim. Um exemplo é a familia do pai dos meus filhos. Uma gente muito alegre e guerreira. Me ensinaram sobre laços que não se dissolvem e sobre o valor das ações.

O mundo não precisa dos seus bons sentimentos (alguém disse isso, não lembro quem). São suas ações, seus gestos, grandes e pequenos, que fazem diferença na vida daqueles que você diz amar. Nobres sentimentos e firmes convicções, quando encarceradas dentro do coração bom ou da mente brilhante, nada podem.

Marilize era tia paterna dos meus filhos.

Quando esse outro amigo faleceu há um mês atrás, Mari estava lá. Chovia uma garoinha enjoada e eu acompanhava o cortejo sem nenhuma proteção. Senti alguém correndo na minha direção, tentando me alcançar. Era ela. Me colocando sob a proteção do seu guarda-chuva.
Só quem conhecia minha relação com aquela mulher, pode avaliar esse gesto. Me pergunto se eu teria feito o mesmo? Se eu teria sido capaz, se eu lembraria mesmo de ter esse pequeno gesto tão gentil.
Conversamos um pouco no caminho, sobre a brevidade, sobre como tudo é tão imprevisível.

Ontem também chovia um pouco. Levei meu guarda-chuva. Abriguei a quem pude enquanto foi necessário. Afinal, a gente está nesse mundo é pra aprender.






4 comentários:

Haline disse...

Nossa, acredito muito nessa coisa de acolher como familia e ser acolhido. Os natais da minha familia sempre tem convidados, é muito engraçado. Sei lá, alguem que tá sem familia, que não é do rj, qq situação assim. E eu acho tão legal. E teve tanta gente que conheci ao longo do tempo que também me "acolheu", mesmo eu tendo uma familia. O conceito de familia pra mim inclusive é esse e não o fato de ter nascido nela. bjobjo

Liliane Araujo disse...

Depende mesmo é da disposição da gente, né Haline. Estarmos dispostos a, num mundo tão estranho como anda o nosso, confiarmos ainda no bem e nas pessoas que vão cruzando nosso caminho. E ir somando, sempre.
Bjão.

Ári disse...

Lindas palavras amiga.
Você poderia não ter acolhido com o guarda-chuvas, mas também é capaz de belos gestos e palavras, que mesmo sem você perceber, fazem muita diferença.
Quem vai deixa sempre a sua marca e a saudade. Saudemos aos que se foram. Beijos

Liliane Araujo disse...

Beijos, amada. Obrigada.