sexta-feira, 27 de fevereiro de 2009
M & M
quarta-feira, 25 de fevereiro de 2009
Cinzas...
Com o perdão da palavra... Que merda, viu!
Eu juro que tentei passar batido, desviar da poça, tapar o nariz, assoviar uma linda canção, respirar no saquinho mas, ai que merda!
Quando coisas assim acontecem, me fazem sentir longe de casa, expatriada. Algo do tipo: “Não posso estar em casa. Não.”
Por que eu tenho um orgulho danado daqui. Da nossa diversidade, da nossa capacidade de conviver, de receber, de querer saber só o primeiro nome(ou apelido), de misturar temperos, sotaques, batidas... Até da nossa mania de tocar nas pessoas eu me orgulho.
Isso existe. É verdade. Como povo, somos assim. Somos um povo bom, trabalhador e sorridente (e se você discorda, dê uma olhada nos terminais de ônibus ou metrô da sua cidade entre seis e oito da manhã). Temos uma capacidade enorme de adaptação e superação de dificuldades.
E claro, eu sei que todas as formas de preconceito atingem o mundo todo, mas é que quando vem de nós, me fere mais.
Que o sistema seja mau, que a chamada velha elite dominante seja burra, preconceituosa e mal intencionada, vá lá.
Mas trabalhador, gerentinha de lojinha (ou lojona) que manda vigiar de perto a negra que acabou de entrar; um profissional de dublagem que se recusa a dublar um gay... Taí, essas coisas realmente me deixam triste. Triste a ponto de olhar meus pequenos e ficar envergonhada.
Ouvi dizer que o tal cara é pastor. Aí eu é que preciso exercitar ao máximo minha tolerância porque não posso (não quero mesmo) dizer que gostaria de estar surpresa, mas não estou.
Eu comentei nesse Blog (muito bom), e recebi essa resposta muito bacana:
"Poxa, Lili, eu não sabia desta calhordice do dublador não. Azar o dele, que não vai participar de todo o bem que o filme tem disseminado. De repente serão as repercussões desta recusa que o farão mais tolerante. The world works in mysterious ways indeed. ;-)"
Mas nem isso consolou hoje.
Até quando a gente vai ter que caminhar assim a passos tão lentos, num mundo cheio de problemas sérios e ainda aturar essa parcela de gente que enxerga quando muito o próprio umbigo. O umbigo e claro, a cor do outro, a origem do outro, a vida do outro... Essas sim, sempre devidamente monitoradas.
La Culpa
segunda-feira, 23 de fevereiro de 2009
Vocês viram?
quinta-feira, 19 de fevereiro de 2009
Uma ofegante epidemia
- Moço, o senhor viu pra que lado foi o bloco com camisetas iguais a essa?
- Você perdeu um bloco inteiro, foi?
Dito assim, soou mesmo engraçado. Era isso. Estava lá, na maré obrigatória de euforia, mostrando a quem passasse o quanto era saudável, adequada e irremediavelmente feliz. E no instante seguinte, todos tinham sumido. A prima, sua única referência naquele lugar, havia desaparecido levando com ela o amigo insuportável, com jeito de esnobe nativo e tarado convicto.
- Pro senhor ver...
- Carnaval é assim, filha. - O vigia do banco consolou com uma gotinha doce de nostalgia na saliva – Foram em direção à rua da praia. Passaram faz uns dez minutos.
Dez minutos? Sério? Não podia ter se "ausentado" por tanto tempo. Lembrava de estar bebendo alguma coisa num imenso copo de plástico. Ainda sentia o cheiro forte de cachaça e um gosto muito açucarado na boca.
Uma construção, um velho casarão restaurado com janelas quadriculadas e uma viva pintura, tinha chamado sua atenção. Decidiu sentar num banquinho em frente a ele talvez para admirá-lo. Não... Foi pra descansar. E pra se livrar daquele copo.
Respirou um pouquinho, pelo que se lembrava.
Quando se viu também sem emprego, tentou cancelar a viagem. Precisava tanto das suas coisas. Suas almofadas, seu cachorro, os cheiros de sua casa, o barulho familiar dos vizinhos.
Já não dava mais tempo. A prima que esperava o casal o mês todo, argumentava agora que não havia lugar nem oportunidade melhor pra esquecer os problemas. Assim chegara até ali.
Já estava bem perto.
Sua prima sorriu tão aliviada que pareceu cruel não retribuir o carinho.
- Meu Deus, você tá aí! Que houve?
- Parei pra descansar! Gritou gesticulando.
- Quer ir pra casa? Eu imagino como você deve estar...
- Então, alguém imagina. Ou pelo menos se esforça pra imaginar...Taí uma informação valiosa. - Disse pra si, um tanto aliviada.
A praia estava logo ali. O amigo insuportável tinha sumido e dava pra ver não muito longe uma barraquinha onde se lia "Cerveja Gelada R$5,00". Uma pichincha de carnaval.
- Quero não. Mas segura minha mão pra eu não ficar pra traz outra vez.
Pulou até o sol nascer.
Dormiu até de tardinha.
Quase morreu de dor de cabeça.
Tomou Tylenol e um sopão indecifrável.
Começou tudo de novo.